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quinta-feira, 4 de julho de 2013

Liberdade?

"A liberdade é traiçoeira 
Que nem amor de menina
Se amoita em cada moita
Se esquiva em cada esquina"

Hoje o analismo começa com um trecho da música de Tom Zé, Sobre a Liberdade. E pra não limitar seu poder de compreensão, vamos deixar vocês lerem mais uma vez e interpretarem como bem quiserem, esperando que no final do texto, vocês compreendam o verdadeiro sentido da canção. E tem mais, o analismo de hoje é diferente por um simples motivo: Vocês devem ter percebido que utilizei o verbo ir na primeira pessoa do plural e antes que comecem a achar que não sei mais conjugar os verbos (ou que usei alguma coisinha ilícita) tudo se explica pelo fato de que esse analismo não foi feito apenas por mim, como também pelo meu grande amigo (exagero, sim) Vinicius Guimarães, que cansados de reclamar um para o outro, resolvemos compartilhar nossas "revoltas". Espero que curtam.

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Não é difícil, muito pelo contrário, encontrar no facebook ou no orkut (sacanagem, sim) pessoas expondo as suas vidas de uma maneira tão íntima ao ponto de nos fazer pensar duas vezes antes de jantar. Essa auto promoção e essas lições de moral que circulam pela rede ultimamente, apenas vem comprovando a nossa crença de que algumas pessoas só podem (ou devem) estar doentes para sentirem tanta necessidade em expor suas vidas e aguardar os aplausos dos outros, que nesse caso são curtidas. As redes sociais que são lugares pra compartilhar pensamentos, sentimentos e ideias que ajudem a melhorar o meio em que vivemos, se tornam meros buracos que abrigam a ignorância e o egoísmo das pessoas.

A vida de grande parte dos internautas precisa se tornar algo mais emocionante do que a simples expectativa de ganhar um "like" na sua foto tirada no espelho ou no seu texto copiado do pensador. Com a globalização e os meios de comunicação em massa, o conhecimento está bem diante dos nossos olhos. Troca de informações, debates envolvendo questões polêmicas que nos façam chegar em um denominador comum, entre tantos outros assuntos mais importantes se tornam segundo plano na rotina das pessoas. Questões supérfluas como postagens de frases clichês do tipo: "ninguém me ama", "falar de mim é fácil, difícil é ser eu", "não sou perfeita e nem quero ser", "se fosse putaria você iria curtir", e outras que não cabem aqui, já estão mais do que na hora de se tornarem cartas fora do baralho, ainda mais em um momento tão significativo para o nosso país.

Como se já não bastasse falar de suas quase movimentadas vidinhas, as pessoas ainda tem o prazer de divulgar a vida dos outros. Esses dias, algumas postagens (videos, fotos, textos) mostraram pessoas que utilizavam a situação de outras para se promoverem e ganharem fãs, tão idiotas como eles. Só pra contextualizar, estávamos comentando sobre o "print" de uma conversa no chat do facebook, em que uma garota se insinuava para um garoto, mostrando não se importar em trair seu namorado. O garoto, "printou" a conversa e mandou para o namorado da garota (até ai tudo bem) mas, para não sair perdendo, postou no seu mural com a intenção de ganhar curtidas. Isso é deplorável! Nós só tivemos conhecimento disso porque muitos dos nossos amigos curtiram e comentaram pérolas como: "acho pouco", "bem feito", "tinha que ser pior". A questão é: Desde quando nosso egoísmo se torna uma atitude aplaudível ao ponto de fazer com que nosso comportamento vergonhoso seja extremamente aceitável quando falamos da vida dos outros? Como já disse antes, os problemas dos outros acabam nos fazendo esquecer dos nossos próprios problemas, o que não quer dizer que eles deixem de existir.

Seria engraçado se não fosse triste o vídeo que vem rondando por aí, chamado de "combate das novinhas", e é claro, os mendigos de curtidas não perderam tempo e publicaram em seus perfis. Esse vídeo mostra o fato ocorrido em frente a uma escola da cidade, onde duas garotas brigavam feito animais por um motivo que não era nem compreensível e o mais impressionante eram as reações das pessoas que tratavam aquele conflito como um espetáculo. Enquanto uns olhavam e apreciavam o momento, outros faziam pior, colocando mais pilha na briga. Falar que esse conflito aconteceu por ser em uma escola pública é patético, isso não existe. Se fosse em qualquer outra escola, particular ou pública, as coisas teriam acontecido da mesma maneira, já que é comum gostarmos de ver o circo pegando fogo. Provavelmente o segurança da escola, os responsáveis pelo funcionamento da mesma, o diretor e outros, não fora avisados, e caso tenham percebido e não tenham feito nada, apenas intensificam a ideia de que estamos invertendo nossas prioridades. Certamente, no meio de tantas pessoas, poucas pensaram em tentar acabar com aquilo assim que começou, e essas poucas não agiram, o que é triste. Essas mesmas pessoas, mais tarde, reclamam dos seus direitos, de comportamentos justos dos nossos políticos e se duvidar, até de paz mundial. Esquecendo de perceber que somos nós que ateamos fogo na guerra. 

Por fim, a estrofe da música de Tom Zé sintetiza a nossa concepção de liberdade. A liberdade de expressão de uma pessoa termina quando começa a da outra pessoa. Quando atinge o bem estar de quem convive com a gente, querendo ou não. Ferrar a vida de alguém pode ser engraçado, aplaudir uma briga de pé pode ser confortável, mas se colocar no lugar de quem está no palco, sem dúvida alguma, não é tão agradável assim. Não confunda sua necessidade de exposição com liberdade. Ser livre não tem nada a ver com não ter limites. Não ter regras. Não ter bom senso. Fugir disso apenas nos torna presos na nossa própria ignorância. No nosso próprio egoísmo. Na nossa própria liberdade.

Rafael Amorim e Vinicius Guimarães

Até o próximo analismo, leitores!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Incaláveis

Depois de muito tempo sem nenhuma postagem, chegou a hora de tirar as teias de aranha desse lugar. Confesso que já estava impaciente para escrever (lê-se saudade) e compartilhar com vocês, fieis leitores (lê-se saudade novamente), mais uma das minhas opiniões acerca desse mundinho que nós chamamos de lar, mesmo que ainda esteja muito distante de se tornar um. O tema do analismo de hoje é óbvio e confesso que talvez eu esteja um pouco atrasado, mas explicarei o porquê no final da postagem. Sem mais, vamos de uma vez por todas falar dos inúmeros protestos que vem assolando nosso país e me enchendo de orgulho.

Eu acho que o assunto dispensa apresentações, mas como de costume, vamos falar um pouco sobre como tudo isso começou. O estopim para as manifestações, que foram iniciadas em São Paulo, foi o aumento de vinte centavos na tarifa do ônibus. Sim, míseros 20 centavos que talvez não façam falta no seu bolso, mas que despertaram em milhares de pessoas a falta de muitas outras coisas. Os protestos, em pouco tempo, ganharam espaço e atenção da população que começou a sair nas ruas para exigir do governo aquilo que, por direito, é dela! O resultado disso foi um aglomerado cada vez maior de protestos, que saíram de São Paulo e alcançaram todo o Brasil.

Não preciso nem dizer minha opinião para que vocês saibam o que eu penso. Porém, mesmo sem precisar, direi, afinal isso é um analismo e linhas não me limitam (tirei do orkut, sim). A algum tempo atrás, nossa (na verdade, minha) visão dos jovens brasileiros era extremamente pessimista. Ao imaginá-los, eu só conseguia ver um grupo de alienados que se conformavam facilmente com tudo aquilo que era imposto, sem moverem um dedo pra mudar a realidade que os atingia direta ou indiretamente. Mas, as coisas mudam, meu caro. E eles resolvem queimar minha língua e provar que não é bem assim que as coisas funcionam e que, na verdade, elas só funcionam na hora certa.

Realmente o que iniciou a revolta popular foi o aumento da tarifa do ônibus, mas o que conserva a mesma até agora, não é mais isso. Outro dia estava com um amigo da família que disse "são só vinte centavos, não precisa disso tudo, se fosse por outra coisa, seria bem pior", eu discordo e concordo ao mesmo tempo, e como incalável ser que sou, fiz e faço questão de expor o que penso. Discordo porque vinte centavos não mantém tantas manifestações ativas por muito tempo, e mesmo que mantivesse, a tarifa já foi reajustada e a possível "causa" de tanta insatisfação, consequentemente, deixou de existir. O motivo é profundo e lateja na população como uma ferida recente. A saúde de péssima qualidade que mata ou "deixa morrer" milhares de pessoas com frequência, os tímidos e ineficazes investimentos na educação que não são capazes de oferecer um ensino que sane nossa ignorância, a corrupção desmedida daqueles que estão no poder nos representando, as condições precárias do transporte público, a insegurança nas ruas diante da violência crescente e tantos outros problemas que eu poderia listar se tivesse mais espaço ou mais tempo ou mais paciência com essa situação. Por outro lado, preciso concordar com ele quando ele diz que poderia ser pior. Sim, poderia ser pior, pode ser pior, está sendo pior. Porque o povo finalmente descobriu que tem poder pra mudar a triste situação em que nos encontramos e já começou a luta pra reverter tantos anos de silêncio.

É claro que no meio de tantas pessoas, as opiniões se chocam. A consequência disso é o vandalismo e os crimes que acontecem simultâneos aos protestos. Essas atitudes são típicas de gente que não tem argumento pra defender o que pensa, e nessa confusão, tenta chamar a atenção de maneira errada. É claro que você pode discordar disso, mas pense comigo, se a intenção é unir o povo contra algo que atinge todos, saquear lojas, queimar monumentos ou carros, destruir transportes públicos e outros, apenas coloca em má situação quem já está matando cachorro a pau. Entendam, tudo isso apenas divide a população que utiliza, querendo ou não, desses serviços. Tudo isso apenas faz com que o povo desacredite no movimento, e com uma ajudinha (super ajuda, o que nos remete a analismos passados) da mídia, volte-se contra ele.

Os excessos, entretanto, não são apenas por parte dos manifestantes, a polícia age, infelizmente, em muitos momentos com uma violência e repressão desnecessária. Tudo isso também vem ganhando destaque principalmente na internet e como venho acompanhando nos jornais, já está começando a ser investigado para que esses policiais (que também não são maioria) sejam punidos. A maioria, por outro lado, tenta manter a paz nos protestos e porque não, defender alguns manifestantes de outros, que pra mim, deixam de brigar por uma causa justa quando utilizam a força bruta para chamar atenção. 

Algo que me preocupa, entretanto, é o foco dos manifestantes. Ultimamente estamos vendo muita gente falando sobre tudo e não conseguindo enfatizar nada. Pra mim, o movimento se enfraquece quando não é organizado, porque as pessoas começam a lutar por coisas diferentes e no final de tudo, acabam não conseguindo nada. Sou extremamente a favor da liberdade de expressão e concordo que o Brasil precisa mudar em diversos aspectos, mas vamos com calma e com foco, assim chegaremos melhor onde queremos!

Os protestos ganharam repercussão e agora o mundo inteiro fala sobre isso, o que, ao meu ver, é ótimo. Como uma amiga disse (olá Brenda) é libertador ver o Brasil sendo lembrado pelo povo indo às ruas pra brigar por seus direitos e não por um monte de mulher pelada dançando pelas ruas ou em carros que custaram milhões de reais, ou por um futebol que é mais respeitado do que os problemas da nossa nação. A prova disso é a Copa do Mundo que vai acontecer aqui, nesse país que tem estrutura o suficiente para abrigar pessoas de todo o mundo, mas que não tem estrutura o suficiente pra tirar da rua seu próprio povo. Isso por si só rende um analismo cheio de revolta e rancor, mas essa não é a hora, relaxem.

Falando em Copa do Mundo, falando em futebol e falando em brasileiro, nesses últimos dias 2 dos ícones do nosso futebol se manifestaram: Ronaldo Fenômeno e Pelé (cliquem nos nomes para assistirem os videos). O primeiro foi responsável por essa célebre frase: "Não se faz Copa do Mundo com hospital", o segundo pediu para que nós esquecêssemos os protestos e focássemos na seleção brasileira, porque era isso que importava! A minha revolta diante disso foi tanta que não falarei muito, mas, se pudesse falar algo diretamente para eles, diria simplesmente que são eles que não merecem importância alguma. Chutar uma bola e acertar uma rede realmente é motivo de muito orgulho para milhões de brasileiros, mas não pra mim, talvez seja por isso que não sou muito bom nisso. Ver um mendigo sem fome, um doente curado, uma criança de baixa renda lendo um livro ao invés de trabalhar ou um jovem sem condições numa faculdade e escrevendo seu futuro é que me enche de orgulho! Enquanto não conseguirmos isso, continuarei reclamando desse país e que se danem pessoas como vocês, que acham que futebol enche a barriga. Pode até ludibriar os olhos de muitas pessoas, mas não os meus. 

Protesto em Senhor do Bonfim, minha cidade.
A liberdade de expressão é o melhor direito que nós temos e aquele que não nos pode ser roubado facilmente. Com o peito cheio de orgulho, eu consigo ver que os brasileiros estão notando isso e começando a exercer seu papel democrático na sociedade. No inicio desse analismo eu admiti meu atraso em relação a esse tema, o motivo eu lhes falo agora: Ontem, aconteceu aqui na minha cidade um protesto que tirou centenas de pessoas de suas casas com o intuito de acordar o restante pro que está acontecendo aqui, na nossa nação! Eu precisava sentir na pele pra conseguir escrever isso com veracidade e emoção, cantar o hino nacional com meus conterrâneos pra notar que essa esperança é verdadeira e que essa mudança é possível. O movimento foi lindo e arrepiante, o que enfatiza a necessidade de irmos em frente. O caminho pra conseguir uma sociedade justa e igualitária é longo, mas chegaremos no final dele mais rápido se estivermos juntos. E que até lá, sejamos incaláveis!

Até o próximo analismo! (que não vai demorar muito porque: 1. estou em recesso escolar por causa do são joão; 2. detesto o são joão; 3. enquanto não estou curtindo o são joão, estarei escrevendo pra vocês!)

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Meiando o muro?!

"De todos os animais selvagens, o homem jovem é o mais fácil de domar."

O analismo de hoje começa com uma frase de Platão, amigos. Frase essa que tem diversas interpretações, mas deixarei a minha pro final, só para instigar a curiosidade de vocês ao ponto de fazê-los ler tudo o que eu escrever neste humilde blog. (minha chantagem é inválida já que você pode avançar pro final, mas vou acreditar nessa relação sólida que já desenvolvemos até aqui)

Victor Hugo Deppman
Antes de mais nada, vou contextualizar o assunto de hoje pra vocês. No último mês um crime abalou o Brasil: Estudante de Rádio e TV, Victor Hugo Deppman, 19 anos, foi morto por um assaltante na frente do prédio onde morava. Você que não viu ou não lembra (saudades memória) pode estar se perguntando qual o motivo de tanto espanto já que crimes iguais e até mesmo piores preenchem os jornais diariamente. Pois bem, Victor Hugo foi morto por um menor de idade e mais, sem sequer reagir ao assalto. O assassino iria completar 18 anos poucos dias depois, mas iria responder como menor, como cometeu o crime. Minha primeira reação ao ver isso no jornal (lembro como se fosse hoje) foi de profunda tristeza. De alguma maneira, como sempre faço, me coloquei no lugar daquele garoto que perdeu todo o futuro sem opção alguma. Nossas indagações ao ver um caso de assassinato em um assalto são: "E se ele não tivesse reagido?" "Se tivesse entregado seria diferente" e outras. Pois bem, Victor não reagiu e mesmo assim foi morto cruelmente. Antes que eu envolva meu lado emocional, que é gritante, vou tentar ser mais objetivo com vocês, leitores.

A morte de Deppman trouxe aos holofotes um assunto que hora ou outra ganha espaço, mas que some disfarçadamente do centro das atenções com o tempo: A redução da maioridade penal. Essa redução implica em muitas coisas, mas em tese, significa dizer que a partir de determinada idade, 16 anos provavelmente, uma pessoa já é capaz de responder por seus atos, podendo inclusive (o que interessa) ir pro xilindró. 


A redução da maioridade penal, entretanto, divide opiniões. A criminalidade não é um problema recente no Brasil, as inúmeras medidas tomadas no decorrer do tempo mostram a tentativa, que nem sempre tem êxito, em resolver essa situação. A questão é que no Brasil o crime começa cedo, embora nossas precauções sejam tardias. Lidamos, diariamente, com crianças que entram pro mundo do tráfico, mas preferimos criar leis e projetos que punam nossos adultos, esquecendo assim, de salvar nossa juventude. Inversão? Talvez sim. (Com certeza sim, mas estou tentando fingir que sou imparcial) Quais as amarras da nossa sociedade? O que aconteceria se investíssemos mais na educação, no esporte, no lazer dessas crianças? Ultimamente, pra não dizer que só reclamo, tenho visto muitos projetos que tentam dar acesso à cultura e educação, por exemplo, às crianças do nosso país. Mas, trocando o polo das nossas atenções, o que acontece com as famílias delas? Imaginem o quanto é difícil colocar na cabeça de um jovem que estudar, jogar bola ou assistir uma peça de teatro pode ser construtivo para sua vida quando, na verdade, depois que ele voltar pra casa, sua mãe e seus irmãos estarão passando fome. Cuidar dos meios, maquiando nossos problemas sociais, não é a solução.

São diversos os motivos que levam uma criança ao crime, ao tráfico, a marginalidade, mas esse não é o foco do nosso analismo de hoje. A questão é: Como puni-los? Como colocar fim às atrocidades que acompanhamos nos jornais cometidas por garotos que ocupariam as vagas de 5ª, 6ª, 7ª série se estudassem? É complicado. Corremos grandes riscos ao tocar nesse assunto e eu prefiro mostrar a vocês os dois lados, para que assim vocês próprios sejam capazes de tirar suas conclusões. Depois de pesquisar e conhecer bem sobre o assunto, eu preparei alguns pontos que mostram meu ponto de vista em relação a isso, os argumentos mais lógicos (não sei se lógicos seria o melhor termo, mas preciso sustentar a ideia de que me decidi rápido e não demorei uns 5 dias pensando nisso) estão logo abaixo:

PORQUE SER A FAVOR?
A presença de atrocidades cometidas por menores de idade não nasceram ontem e nossa omissão diante desse assunto mostra claramente nossa falta de ação afim de tentar resolvê-lo. A impunidade é responsável por incentivar (e se tivermos que ser rudes, encorajar?) a violência praticada por esses menores. Dizer que quando presos, esses jovens estarão sendo condenados a pobreza e marginalidade e por isso voltarão pro mundo do crime, não seria preconceituoso? Afinal, vivemos num país em que uma grande parte da população é pobre e enfrenta diariamente problemas para viver dignamente e superar suas limitações, se tornando mais tarde, exemplos para um grupo que enfrenta o descaso e discriminação todos os dias. Será que seria válido nosso argumento que de o futuro da nação está "provavelmente" nesse grupo? Sendo que ele ainda é minoria? Sendo que menos de 10%, segundo A Datafolha, dos crimes são cometidos por eles? Por fim, a falta de atenção e assistência do governo, por exemplo, não pode simplesmente justificar o crime cometido por esses jovens. Tratar como inconsciente um jovem que é capaz de ter filhos, roubar e até mesmo matar alguém não é válido num mundo em que garotos de 15 anos já são pais.

PORQUE SER CONTRA?
Prender esses jovens seria mais uma medida paliativa do governo, não resolveria o problema. Afinal, a raiz disso está na educação que precisa ser incentivada e fortalecida para evitar que crianças e jovens entrem no mundo do crime. Colocar esses jovens na cadeia seria condená-los à seres humanos piores porque, convenhamos, o sistema carcerário que possuímos não regenera ninguém. Entrariam infratores e sairiam assassinos frios e vingativos. Por falar em vingança, reduzir a maioridade é, por sua vez, uma prova de que tentamos nos vingar dessas pessoas, num intuito exclusivo de ver atrás das grades alguém que nos causou mal diretamente. Mas, pensando racionalmente e é a razão que move a justiça (não se esqueçam disso), como estariam as gerações futuras? Lidariam com os mesmos criminosos de anos atrás? Infelizmente, a tendência é piorar. O número de delitos cometidos por esses menores são pequenos, sendo que apenas 10% (e uso o mesmo dado do argumento contrário anterior) representa o total dessas infrações, em que a maioria desses crimes são contra o patrimônio, lembrando que nem um adulto fica preso ao cometer esse tipo de infração. É claro que ocorrem crimes mais graves e esses por sua vez são chamativos, ganham manchetes enormes, debates longos e discussões profundas. Justamente, é claro! Mas o que eu digo é que não podemos nos ludibriar com isso. Outro ponto importante a ser analisado nesse analismo (trocadilhos excepcionais sim ou com certeza?) é nossa noção de "responsabilidade" vinculada às classes sociais. Um garoto pobre pode ser visto por nós como capaz de responder por seus atos, um adulto, em tese! Um "garoto" rico de 20 anos, por vezes, é visto por seu papai, amigos e porque não sociedade, como uma mera e desprotegida criança. Qual nossa noção de idade, afinal?! E ela é justa?! (percebam como gosto de usar ?!?!?!?!?! e reflitam na minha pontuação) Por fim, por quanto tempo teremos medidas paliativas e não efetivas?

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Esses argumentos, é claro, são pouquíssimos! Se eu fosse colocar todos que existem vocês parariam de ler aqui esse analismo pra tirar um cochilo. (se é que já não estão cochilando) Antes de que eu diga minha opinião vou contar pra vocês algo que me ajudou nessa decisão. Ultimamente foi criado um conjunto de projetos de leis que visam aumentar o tempo de internação do jovem infrator na Fundação Casa, local onde esses jovens são transferidos atualmente, de 3 anos para 8 anos. Sendo que, caso insista no crime e complete 18 anos, esse "jovem" pode #partir para uma prisão normal. É claro que há falhas e dúvidas, como em todo projeto de lei, mas pra mim é algo mais coerente, talvez, já que acho muito mais fácil uma reforma na Fundação Casa do que nos nossos presídios. E que fique claro, o ideal seria o contrário, mas não vivemos de utopias! Reformar a Fundação Casa seria uma tentativa de salvar esses jovens para que o futuro da sociedade não estivesse comprometido com esses possíveis criminosos. 


Em relação à Victor Hugo Deppman acho um absurdo esse "homem" não responder como um adulto que é! No Brasil existem centenas de exceções, particularidades, "jeitinhos" que são dados para evitar um "dano" maior e nesse tipo de crime resolvem cumprir piamente nossa linda e justa lei. Por favor! No calor do momento, no estopim das emoções e pela emergência dos fatos eu sou sim  A FAVOR da redução. Mas como disse antes, a justiça não é movida por emoção e sim por razão, o que me torna CONTRA a redução da maioridade penal. Preciso explicitar meus dois lados (não tão definidos) para que vocês decidam o de vocês! Confesso que nunca fiquei tanto em cima do muro! Lidar com isso é delicado, de certo, estamos sentindo na pele as consequências de atitudes que não são "impensadas" mas sim "irresponsáveis" desses jovens infratores e por isso, talvez, o momento certo de discutir algo coerente não seria agora. Por outro lado, se não for agora, quando será?! Voltando a frase de Platão, faço de suas palavras as minhas. Se há solução para violência, ela está em conter a criminalidade de crianças e adolescentes, reverter esse quadro e mudar essa situação. Precisamos de medidas efetivas, que cortem o mal pela raiz e não apenas eliminem os frutos podres. 


Até nosso próximo analismo!



segunda-feira, 13 de maio de 2013

O mendigo e sua gaita.

Deve existir no mundo algum motivo que justifique o fato de certas coisas aparecerem no meu caminho justo quando decido fugir delas. Só para contextualizar, as últimas semanas foram pra mim um desafio ou se preferir, um teste. Prometi para mim mesmo que seria mais objetivo, mais claro, mais direto. Tentei me comover menos e criticar mais, observar o mundo de uma forma nua e crua, assim como ele é. E garanto a vocês que estava indo bem até um dos meus quase movimentados domingos.

Antes que eu continue, preciso expressar meu amor por domingos. Enquanto as pessoas evitam pensar na chegada de segunda, eu prefiro acreditar nas inúmeras possibilidades que surgirão, torcendo pra que uma delas mude minha vida, pra melhor é claro. Esse domingo foi especial e como eu sempre espero, mudou, mesmo que não tanto, a minha vida. Combinei de sair com alguns amigos e decidi   num daqueles raros, muito raros momentos  ir andando. Esquecendo todo meu sedentarismo segui pelas ruas não muito silenciosas da cidade, o céu brincava com as cores, se despedindo de mansinho, partindo da maneira como chegou, silencioso, apesar da sua beleza gritante.

No meio do caminho algo me chamou atenção, me fazendo diminuir a velocidade dos meus passos, quase os pausando. Um senhor, cabelos brancos, sentado na rua, sujo, com uma barba enorme e um rosto castigado pelas possíveis dores de sua vida. Em suas mãos havia uma gaita que ele levava aos lábios com cuidado. Ouvi, atenciosamente, aquele pobre homem tocar aquele instrumento. Embora eu tenha parado para observar aquilo, o restante das pessoas não parou. O sol não parou. Os cachorros abandonados não pararam. Tudo seguia normal, o que me causou extremo desconforto, afinal, aquilo era lindo.

Da sua gaita velha, dos seus lábios trêmulos e das suas mãos enrugadas eu pude ouvir uma das mais belas canções que já ouvi em minha vida. Não sou técnico, muito menos especialista em música, mas acredito piamente na mensagem que ela transmite, na mudança que ela proporciona a quem se dispõe a ouvi-la e consequentemente, senti-la. Naquele momento eu consegui, mesmo que de uma maneira sombria, ver a história daquele senhor. Ouvi seu sofrimento sufocado, sua mágoa acumulada, seu grito, tão suave, pedindo atenção. Imaginei o que ele passou até chegar ali, não julguei seus atos, apenas tentei pensar no seu passado. Possivelmente muito sofrimento o cercou. Pelo pouco que vivi consigo notar, facilmente, que os maiores pesares surgem do amor. Do excesso ou da falta dele. Talvez fosse o caso daquele senhor.

Não demorei muito ali e não ajudei aquele pobre velho. Não o elogiei. Não deixei algumas moedas para que ele comprasse alguma comida. Ele tinha feito tanto por mim e eu não tinha feito nada por ele. Ao ouvi-lo, consegui sorrir entre lágrimas. Fui triste e feliz ao mesmo tempo. Sem me preocupar com o que as pessoas estariam pensando do meu comportamento, da minha comoção, do meu dentes abertos e rosto molhado. Sorri entre lágrimas, simples assim. Mas segui meu caminho, diferente de como o comecei.

Ao chegar em casa não deixei de pensar naquele senhor. Me culpei por não ter feito nada por ele e pensei em quantas pessoas deixei de retribuir pelo que fizeram comigo. Somos tão mesquinhos, nos preocupamos com nosso próprio ego enquanto tantas pessoas precisam de um aperto de mão, de uma palavra de conforto, de um café quente e um ombro amigo. De todos os meus arrependimentos desse dia, aquele que mais me tirou o sono foi o de não ter pedido para que ele não parasse de tocar sua gaita. De alguma maneira, outros, como eu, poderiam notá-lo e feito por ele aquilo que minha ignorância, timidez, egoísmo ou relaxamento não me permitiu fazer.

Depois daquilo cogitei tocar gaita. Numa tentativa de tentar causar nos outros aquilo que aquele senhor causou em mim. Inútil seria, entretanto, afinal eu não teria a bagagem que ele tinha. Não saberia contar minha história naquelas notas musicais. Inútil seria, entretanto, porque eu, no conforto da minha cama e no calor dos meus amigos, jamais poderia fazer com que as pessoas fizessem aquilo que aquele senhor me fez fazer. Sorrir entre lágrimas.

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P.S.: Pra Samantha, minha fiel leitora e uma das primeiras com quem compartilhei o ocorrido. <3

sábado, 27 de abril de 2013

Globolização.

Você vai ler esse texto até o final.
(reloginho vai-e-vem)
Você vai ler esse texto até o final.
(reloginho vai-e-vem)
Você vai ler esse texto até o final mesmo se a novela das nove voltar do comercial. 
(reloginho vai, já foi e não volta mais)
Tá bom, é brincadeira, concorrer com a novela de cada dia é forçar a barra ou não?

Sem muitos mistérios, o analismo de hoje foi quase meu tema da prova de redação e quase o tema dos meus amigos no trabalho de filosofia. E, não satisfeito em falar nas minhas 30 (apertadas) linhas, aqui estou eu provando que não sou apenas um rostinho bonito (certo, por voto vencido, é só ironia). Falar de mídia, imprensa, televisão, jornal já está realmente meio batido, confesso pra vocês. Mas é um assunto tão instigante que não me contentei em não comentar (digo, desabafar) com vocês. 

Negar o poder da informação é algo inaceitável no meio em que vivemos. Regimes políticos, conflitos armados, revoltas populares e escândalos públicos ganham dimensão mundial só por passar no plantão do intervalo da Sessão da Tarde. E é nesse clima de filminho que vamos, sem mais demora, falar da Rede Globo de Televisão, olha como coloquei tudo maiúsculo só pra você sentir a importância do assunto.


A Globo, é sem dúvida, a maior rede de televisão do Brasil e que alcança um enorme número de pessoas com o seu plim plim. Apesar disso, existe muita coisa que não sabemos ou não percebemos sobre esse grande veículo de comunicação. Vamos começar do início. A Globo foi criada em meio ao regime militar e foi justamente nesse período onde ela se tornou o que é hoje, a maior "fonte" de informação brasileira. Irônico, entretanto, que um meio de comunicação de massa tenha conseguido crescer e se consagrar num período movido por repressão e violência. Roberto Marinho, o presidente das Organizações Globo, fez, através de suas ligações frustadamente invisíveis, com que seu império crescesse numa troca de favores clara entre os ditadores. Com a propagação de notícias favoráveis ao regime militar e a omissão de certos (inúmeros) abusos de poder, a rede globo enriqueceu seu cofrinho deixando o plim plim cada vez mais alegre. Isso é fato, tanto que hoje em dia, Roberto Marinho é considerado um dos mentores intelectuais da ditadura, sendo que favoreceu o controle da população através da grade de programação extremamente manipuladora, colocando no ar aquilo que seus funcionários  diretores de programas que liam e controlavam tudo que ia para o ar  julgavam coerente com a política que seguiam.

Enquanto a população assistia os "avanços" do Brasil, pessoas eram injustamente mortas, tinham seus corpos desaparecidos, seus nomes vinculados à notícias falsas e tantas outras atrocidades, tudo isso, silenciosamente. E não parava por aí não, galera! Após torturados, revolucionários apareciam no ar falando "espontaneamente" sobre como era errado ir contra o regime, como seus crimes eram graves e que os jovens revolucionários, chamados pela globo de terroristas, deveriam repensar seus valores e desejos. É plim plim, amigos!

Os abusos da rede globo não param por aí e não cabem por aqui. E como sou breve e objetivo (descontração gente, por favor) essa postagem é pequena demais pra sair criticando tudo o que está debaixo do tapete nessa história. Mas tem aquelas histórias que não é novidade pra ninguém e se for, deixam de ser nesse instante. O comício das Diretas Já! foi covardemente anunciado no Jornal Nacional por dois minutos. Sim, meu amigo! DOIS MINUTOS. Você não faz nem um miojo com esse tempo! Um movimento de caráter revolucionário, caracterizado pela mobilização popular a favor da eleição direta para a presidência do Brasil foi, "por um erro técnico", substituído por outra reportagem. Coloque erro técnico nisso! E é plim plim de novo.

O Caso Proconsult, manipulação dos votos feitos nas eleições de 82 feita pela empresa Proconsult com apoio e divulgação da Globo para evitar a vitória de Leonel Brizola, candidato do partido democrático trabalhista, é outro exemplo que somo a esse texto que mais parece uma listinha de compras. Tempos depois, Leonel Brizola conseguiu, perante a justiça e depois de uma grande briga com a emissora o direito de resposta sobre a manipulação e omissão dos fatos. Como você no vídeo polêmico abaixo, em que Leonel coloca a boca do trombone denunciando abusos e indo contra, segundo o próprio, "o gigante" que é a Rede Globo.

Mas eu acho que não há algo tão claro e conhecido como a edição do debate de Collor contra Lula. O pobrezinho que já sente falta de um dedo também sentiu falta de partes da entrevista cedida a Rede Globo no dia do debate político para a presidência de 89. É muita cara de pau ou não? Além de favorecer Fernando Collor que adivinha... Ganhou a presidência. É claro o PT tentou reaver essa bagunça, movendo uma ação do STF (Supremo Tribunal Federal) exigindo que as cenas cortadas do debate fossem ao ar. E... Não deu em nada. Mais uma vez é plim plim, leitores.

Não precisamos voltar muito a fita (somos tradicionais, é fita mesmo) pra ver se repetindo a participação ativa da Globo na política. Mais uma vez, nosso castelinho midiático, foi acusado de tentar favorecer José Serra, candidato a presidência pelo PSDB. Segundo críticos o jingle de aniversário da globo foi uma "indireta" quase igual àquelas do facebook, à favor da eleição do candidato. A musiquinha dizia que "todos queremos mais" e a campanha do Serra se baseava no slogan "O Brasil pode mais". E então, o que vocês acham? Uma certeza nós temos, não deu plim plim de novo porque quem ganhou essa foi o PT, com a representação de Dilma Rousseff. 


As polêmicas da Globo não param por aqui, porém eu já estou parando, juro. O poder dessa emissora de televisão é evidente, a prova está na nossa cara. Os altos índices de audiência, as novelas consagradas, o jornalismo elogiado, a influência que ela exerce no comportamento do brasileiro é imensa. Alguém por exemplo, nunca ouviu falar no BBB? Alguém nunca assistiu o BBB? Tá bom, eu nunca assisti o BBB e meus motivos são ótimos e infelizmente, argumentos pra outro analismo! Mas você já deve ter visto uma pulseira da Jade que minha irmã deve ter até hoje ou um CD original (mentira, pirata mesmo) daquela novela das sete. Muitas coisas mudaram, é claro, seria burrice da Rede Globo continuar manipulando as pessoas da mesma maneira de algumas décadas atrás. Porém pra mim, esse pobre cidadão, hoje a manipulação é bem pior.

As pessoas não notam que mesmo sem querer acabam vivendo da maneira como (e nesse momento preciso generalizar) a mídia dita. Os comportamentos, as roupas, as opiniões, as convicções são todas controladas por uma manipulação silenciosa que precisa de fieis seguidores pra se manter viva. Importante a informação sempre foi, libertador  o conhecimento sempre vai ser. Mas não há liberdade quando uma pessoa não consegue pensar sozinha. Não há liberdade quando alguém ou alguma coisa controla nossas atitudes.

Últimas palavras e último conselho desse telespectador ardiloso que tenta não se contaminar com tudo que ouve, lê e sente. Informem-se mais! E não apenas por um meio de comunicação. Leiam mais, pesquisem mais, assistam aqueles canais que tem chuviscos ou que a cor é mais escura, aqueles que você não conhece o apresentador. Digo por experiencia própria que há muitos canais de televisão que ajudam você a se tornar um ser pensante, que te informam sobre o mundo em que você vive de maneira limpa. Levanta desse computador às vezes e sai na rua pra ver com seus próprios olhos o que a mídia não mostra, o que não é vendável e interessante nesse sistema da globolização.

E que fique claro para vocês, astutos advogados sem causa, que não tenho a intenção de dizer que tudo que passa na rede globo é ruim. Muito pelo contrário, quero que através do que disse aqui, vocês sejam capazes de filtrar aquilo que não é. 

Última das últimas das últimas considerações: Antes de terminar o texto minha avó perguntou sobre o que eu estava escrevendo, quando disse ela soltou uma frase que só afirma tudo o que eu disse antes: "Cuidado com os processos, hein!" SERIA PLIM PLIM DE NOVO, leitores? (risos, risos e risos sem fim) Até o próximo analismo!

terça-feira, 16 de abril de 2013

Pósconceitos.

De uns tempos pra cá o assunto que mais se discute é aquele que, a algum tempo atrás, só era discutido em redações do ensino fundamental. PRECONCEITO. As notícias dos últimos meses trazem à tona um assunto que esconde atrás do nome conhecido, raízes profundas. Antes de falar sobre esse tema, não devemos ser preconceituosos e precisamos saber literalmente, antes de mais nada, sobre o que falaremos. Lembrando que só estou utilizando o verbo falar na primeira pessoa do plural por hábito, afinal, meu lado pseudo-egoísta-crítico começa aqui.

Pre-con-cei-to. 4 sílabas, se ainda sei fazer isso direito, que significa: Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial. Quem nunca preconceituou (sem neologismo, afinal, esse verbo existe) alguém atire a primeira pedra. Não preciso ser mulher pra imaginar quantas ofensas já rodearam o cérebro feminino ao ver outra mulher passar com uma bolsa melhor ou mais cara que a sua, ou simplesmente passar. E sendo homem, não preciso nem listar o que se passa na nossa mente quando outro homem faz uma pose de superior na nossa frente ou fica conversando com a nossa futura-ex-namorada no meio dos nossos olhos. Contendo os ânimos, fingimos que não vemos, não é mesmo? Mas quem nunca não "foi com a cara" de fulaninho só por não ir? Não temos argumentos lógicos, digo, não temos sequer argumentos para nossos comportamentos inexplicáveis, o que torna nosso ponto de vista ainda mais suscetível a questionamentos.

Depois de nos considerarmos preconceituosos (ou alguém ainda não se considera?) podemos analisar, sem interferências dos nossos egos inflamados, o polêmica do momento: Com gel no cabelo e sorriso no rosto, Marcos Feliciano, pastor da Igreja Assembleia de Deus e deputado federal, foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara de Deputados do Brasil. O gel no cabelo continua o mesmo, mas o sorriso no rosto nem tanto. Sua estadia em tal cargo está gravemente ameaçada por protestos e revoltas iniciados por gays e negros e apoiados por um número significante de brasileiros. Antes de criticar ou defender (deixo a dúvida só para que vocês leiam até o final) nosso polêmico deputado, vamos descobrir a origem de tanta discussão e instabilidade. O pastor Marcos Feliciano postou em seu twitter declarações como "A podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição", "Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismos, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids. Fome... Etc" e "Africanos descendem de ancestrais amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polêmica". Existem outras declarações, é claro, mas acredito que essas foram as responsáveis por todo o barulho que estamos ouvindo. Lembrando que, algumas delas, já foram apagadas pelo próprio pastor ou deputado, do que chamá-lo afinal?

O que fazer quando o presidente da comissão que deve defender o direito das minorias da nossa sociedade se posiciona dessa maneira? O que fazer quando não admitimos que tal político administre o futuro, em tese, desses grupos? Isso é assunto pra mais de uma postagem, pra mais de um texto, pra mais de um blog. Então pretendo ser breve (já não sendo) ao me posicionar em relação a isso.

Manifestação de internautas (clique pra ampliar)
Preciso me declarar, desde já, a favor da revolta e dos protestos que vem acontecendo ultimamente. Ao ver tanta atitude, chego a ter uma súbita esperança de que não estamos perdidos ou mortos, de que ainda podemos lutar em prol daquilo que acreditamos. Isso definitivamente é uma conquista e tanto de uma sociedade que está acostumada a sentar na frente da televisão com um pacote de pipoca e um copo de refrigerante vendo a novela das nove engolir seus cérebros aos poucos. Sim, me exaltei. Mas essa é minha visão, se há algo de positivo no meio de tanta bagunça é a participação popular. Sinto falta dessas mesmas pessoas em outros momentos quando uma voz a mais faria toda a diferença. Quando políticos exigem aumento de salário, fazem dinheiro público desaparecer como num passe de mágica, quando falta comida na mesa de um brasileiro que não tem como sequer alimentar seus filhos. O que fazer, então? Como disse, já é um avanço! Se posicionar é fundamental, precisamos fazer dessa revolta um exemplo pra outras futuras. Mas nem tudo é um mar de rosas, afinal, esse mesmo grupo "revolucionário" age imaturamente diversas vezes.

Mulheres se beijando em um evento religioso
Infelizmente, vivemos num mundo de ignorantes, onde uma parte significativa da população não sabe se posicionar, utilizando de argumentos fraquíssimos como a violência. E violência, que fique claro, não está apenas em tapas, murros, voadoras ou mortais. Violência também está na falta de respeito ao próximo, na intolerância ao pensamento alheio. Se Feliciano não apoia gays, paciência! Ninguém tem direito de ir até os cultos, locais repletos de pessoas que compartilham de momentos de fé, e zombar da crença daquelas pessoas como as mulheres da imagem à esquerda, vistas por mim como desprovidas de bom senso por não saberem se posicionar da maneira correta, ofendendo não o Marcos Feliciano, mas as pessoas que estavam no local e discordam de tal atitude. E que fique claro, se fosse um casal hétero, pensaria da mesma maneira. Ninguém tem direito de ofender com palavras baixas o próprio deputado ou sua família. De generalizar a maldade e intolerância que existe no ser humano. O fato de um pastor ser (e que fique claro, são suposições) preconceituoso e racista, coloca todos os outros no mesmo barco? O fato de um padre ter sido pedófilo, torna todos os padres pedófilos? O fato de um cristão, católico ou evangélico, se posicionar contra alguma atitude, torna todos os outros iguais? Generalizar é o maior erro que esses grupos que foram e são discriminados podem cometer. Afinal, como diria o próprio Gessinger (essa vai pra um amigo) ninguém=ninguém.

Eu juro pra vocês, meus 3 ou 4 leitores, que tentei ser imparcial. Mas não concordo, definitivamente com homossexuais que utilizam da opção sexual para se vitimizarem e sair dando lição de moral nos quatro cantos do mundo, ofendendo religiões e pessoas. Acho que isso, inclusive, discrimina o próprio grupo do qual eles participam. Lutamos por diversidade e não nos admitimos diversos? O Brasil é repleto de pessoas diferentes, que adivinhem: pensam diferente. As pessoas se posicionam como querem em relação à homossexualidade. Quem é a favor merece respeito. E quem é contra também! Não podemos rejeitar os fundamentos morais e religiosos da nossa sociedade, precisamos aceitá-los, sem mais. É claro que não ser a favor é algo muito diferente de reprimir. Todos são livres, lembram?

Revoltosos com cartazes e faixas
Por fim (e ouço seu suspiro daqui) opinião é opinião. Ninguém tem direito policiar o pensamento do vizinho de casa, de carteira, de banco da praça. Nem Feliciano, nem você! Precisamos lutar sim, pra defender aquilo que acreditamos. Entretanto, devemos nos manter atentos a novas informações, declarações, movimentos, tentando absorver o máximo possível de novidades e pontos de vista. Nem tudo é como parece, muitas frases soltas são manipuladas pela mídia com o intuito de criar vilões e mocinhos. E convenhamos, o povo brasileiro adora uma novela! O final dessa não pode ser prevista por agora e muito menos por mim, vamos esperar atenciosos os próximos capítulos. Até lá, vamos tentar ter apenas pósconceitos, formar opiniões depois de conhecermos plenamente aquilo que vemos e ouvimos.

Última colocação desse leviano blogueiro (preciso me acostumar com tal termo) que vos escreve: Preconceito está em quem pensa que está sempre certo. Em quem pensa que as pessoas precisam pensar de maneira igual. Em quem pensa que pensar diferente é errado. Não em quem pensa.


Primeiro neologismo: Analismos.

Antes que eu tente e provavelmente não consiga explicar o porquê desse título para meu harmonioso, ou nem tanto, blog (creio que apelidos melhores surgirão com o tempo) tente tirar suas próprias conclusões. A ideia de ter um espaço em que eu pudesse me comunicar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, fazendo aquilo que gosto, é fantástica e ao mesmo tempo assustadora pra mim. Fantástica porque poderei compartilhar minhas opiniões, confusas ou não, com pessoas que poderão formar as suas. Assustadora porque me sentirei exposto, como no dia em que abaixaram minha calça na escola. Péssimas memórias, inclusive. Mas qual o problema? E me refiro unicamente à exposição, não ousem abaixar minha calça novamente, "queridos" amigos.

Fora isso, estou pronto para despir-me de qualquer preconceito formado. De qualquer limite estipulado. De qualquer pieguice acumulada, só para mostrar um lado menos visível em mim. Estarei, semanalmente, postando um texto novo sobre diversos assuntos que me encucam (sem neologismo dessa vez) a cabeça. Criticando aquilo que precisa ser criticado. Tentando encontrar razões pra justificar a bagunça que está essa vida que vivemos tão bem ou tão mal. Tentando alinhar meus pensamentos ao de vocês, só pra conseguir mostrar o quanto é importante pensar hoje em dia.

Analismos nasce aí. Na ideia de analisar e se envolver. Não apenas passar uma informação, mas principalmente, tentar entender, justificar, aceitar ou recusar, completamente, aquilo que está na frente dos nossos olhos. Não são apenas dados, são conclusões. Sem mais enrolação (porque sim, já estou enrolando vocês) vamos pro que interessa.

Bem vindos ao meu lado ranzinza.