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terça-feira, 16 de abril de 2013

Pósconceitos.

De uns tempos pra cá o assunto que mais se discute é aquele que, a algum tempo atrás, só era discutido em redações do ensino fundamental. PRECONCEITO. As notícias dos últimos meses trazem à tona um assunto que esconde atrás do nome conhecido, raízes profundas. Antes de falar sobre esse tema, não devemos ser preconceituosos e precisamos saber literalmente, antes de mais nada, sobre o que falaremos. Lembrando que só estou utilizando o verbo falar na primeira pessoa do plural por hábito, afinal, meu lado pseudo-egoísta-crítico começa aqui.

Pre-con-cei-to. 4 sílabas, se ainda sei fazer isso direito, que significa: Ideia ou conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério ou imparcial. Quem nunca preconceituou (sem neologismo, afinal, esse verbo existe) alguém atire a primeira pedra. Não preciso ser mulher pra imaginar quantas ofensas já rodearam o cérebro feminino ao ver outra mulher passar com uma bolsa melhor ou mais cara que a sua, ou simplesmente passar. E sendo homem, não preciso nem listar o que se passa na nossa mente quando outro homem faz uma pose de superior na nossa frente ou fica conversando com a nossa futura-ex-namorada no meio dos nossos olhos. Contendo os ânimos, fingimos que não vemos, não é mesmo? Mas quem nunca não "foi com a cara" de fulaninho só por não ir? Não temos argumentos lógicos, digo, não temos sequer argumentos para nossos comportamentos inexplicáveis, o que torna nosso ponto de vista ainda mais suscetível a questionamentos.

Depois de nos considerarmos preconceituosos (ou alguém ainda não se considera?) podemos analisar, sem interferências dos nossos egos inflamados, o polêmica do momento: Com gel no cabelo e sorriso no rosto, Marcos Feliciano, pastor da Igreja Assembleia de Deus e deputado federal, foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara de Deputados do Brasil. O gel no cabelo continua o mesmo, mas o sorriso no rosto nem tanto. Sua estadia em tal cargo está gravemente ameaçada por protestos e revoltas iniciados por gays e negros e apoiados por um número significante de brasileiros. Antes de criticar ou defender (deixo a dúvida só para que vocês leiam até o final) nosso polêmico deputado, vamos descobrir a origem de tanta discussão e instabilidade. O pastor Marcos Feliciano postou em seu twitter declarações como "A podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição", "Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismos, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids. Fome... Etc" e "Africanos descendem de ancestrais amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polêmica". Existem outras declarações, é claro, mas acredito que essas foram as responsáveis por todo o barulho que estamos ouvindo. Lembrando que, algumas delas, já foram apagadas pelo próprio pastor ou deputado, do que chamá-lo afinal?

O que fazer quando o presidente da comissão que deve defender o direito das minorias da nossa sociedade se posiciona dessa maneira? O que fazer quando não admitimos que tal político administre o futuro, em tese, desses grupos? Isso é assunto pra mais de uma postagem, pra mais de um texto, pra mais de um blog. Então pretendo ser breve (já não sendo) ao me posicionar em relação a isso.

Manifestação de internautas (clique pra ampliar)
Preciso me declarar, desde já, a favor da revolta e dos protestos que vem acontecendo ultimamente. Ao ver tanta atitude, chego a ter uma súbita esperança de que não estamos perdidos ou mortos, de que ainda podemos lutar em prol daquilo que acreditamos. Isso definitivamente é uma conquista e tanto de uma sociedade que está acostumada a sentar na frente da televisão com um pacote de pipoca e um copo de refrigerante vendo a novela das nove engolir seus cérebros aos poucos. Sim, me exaltei. Mas essa é minha visão, se há algo de positivo no meio de tanta bagunça é a participação popular. Sinto falta dessas mesmas pessoas em outros momentos quando uma voz a mais faria toda a diferença. Quando políticos exigem aumento de salário, fazem dinheiro público desaparecer como num passe de mágica, quando falta comida na mesa de um brasileiro que não tem como sequer alimentar seus filhos. O que fazer, então? Como disse, já é um avanço! Se posicionar é fundamental, precisamos fazer dessa revolta um exemplo pra outras futuras. Mas nem tudo é um mar de rosas, afinal, esse mesmo grupo "revolucionário" age imaturamente diversas vezes.

Mulheres se beijando em um evento religioso
Infelizmente, vivemos num mundo de ignorantes, onde uma parte significativa da população não sabe se posicionar, utilizando de argumentos fraquíssimos como a violência. E violência, que fique claro, não está apenas em tapas, murros, voadoras ou mortais. Violência também está na falta de respeito ao próximo, na intolerância ao pensamento alheio. Se Feliciano não apoia gays, paciência! Ninguém tem direito de ir até os cultos, locais repletos de pessoas que compartilham de momentos de fé, e zombar da crença daquelas pessoas como as mulheres da imagem à esquerda, vistas por mim como desprovidas de bom senso por não saberem se posicionar da maneira correta, ofendendo não o Marcos Feliciano, mas as pessoas que estavam no local e discordam de tal atitude. E que fique claro, se fosse um casal hétero, pensaria da mesma maneira. Ninguém tem direito de ofender com palavras baixas o próprio deputado ou sua família. De generalizar a maldade e intolerância que existe no ser humano. O fato de um pastor ser (e que fique claro, são suposições) preconceituoso e racista, coloca todos os outros no mesmo barco? O fato de um padre ter sido pedófilo, torna todos os padres pedófilos? O fato de um cristão, católico ou evangélico, se posicionar contra alguma atitude, torna todos os outros iguais? Generalizar é o maior erro que esses grupos que foram e são discriminados podem cometer. Afinal, como diria o próprio Gessinger (essa vai pra um amigo) ninguém=ninguém.

Eu juro pra vocês, meus 3 ou 4 leitores, que tentei ser imparcial. Mas não concordo, definitivamente com homossexuais que utilizam da opção sexual para se vitimizarem e sair dando lição de moral nos quatro cantos do mundo, ofendendo religiões e pessoas. Acho que isso, inclusive, discrimina o próprio grupo do qual eles participam. Lutamos por diversidade e não nos admitimos diversos? O Brasil é repleto de pessoas diferentes, que adivinhem: pensam diferente. As pessoas se posicionam como querem em relação à homossexualidade. Quem é a favor merece respeito. E quem é contra também! Não podemos rejeitar os fundamentos morais e religiosos da nossa sociedade, precisamos aceitá-los, sem mais. É claro que não ser a favor é algo muito diferente de reprimir. Todos são livres, lembram?

Revoltosos com cartazes e faixas
Por fim (e ouço seu suspiro daqui) opinião é opinião. Ninguém tem direito policiar o pensamento do vizinho de casa, de carteira, de banco da praça. Nem Feliciano, nem você! Precisamos lutar sim, pra defender aquilo que acreditamos. Entretanto, devemos nos manter atentos a novas informações, declarações, movimentos, tentando absorver o máximo possível de novidades e pontos de vista. Nem tudo é como parece, muitas frases soltas são manipuladas pela mídia com o intuito de criar vilões e mocinhos. E convenhamos, o povo brasileiro adora uma novela! O final dessa não pode ser prevista por agora e muito menos por mim, vamos esperar atenciosos os próximos capítulos. Até lá, vamos tentar ter apenas pósconceitos, formar opiniões depois de conhecermos plenamente aquilo que vemos e ouvimos.

Última colocação desse leviano blogueiro (preciso me acostumar com tal termo) que vos escreve: Preconceito está em quem pensa que está sempre certo. Em quem pensa que as pessoas precisam pensar de maneira igual. Em quem pensa que pensar diferente é errado. Não em quem pensa.


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